MINHA TERRA TÊM PALMEIRAS
Minha terra têm palmeiras
Mas não canta o sabiá
Foram contrabandeadas
As aves que tinham lá.
Admiro a minha terra,
A beleza do lugar;
Minha terra têm palmeiras
Mas não canta o sabiá.
Minha terra têm palmeiras
Bem poucas, é bom falar;
Foram muitas arrancadas
Pro progresso se instalar.
Progresso?... Meu Deus do céu!
Que progresso tem por lá?
Se cortaram as palmeiras...
Se não canta o sabiá!
O CORTE DA PALMEIRA
Palmeira bicentenária,
Com seu aspecto feliz,
Imponente em meio à praça,
Defronte a igreja matriz.
Palmeira bicentenária,
Que tanto tempo viveu,
Tornando-se a solitária
Da terra que Deus lhe deu.
Palmeira bicentenária,
Oh palmeira imperial!
Quem projetou tua morte?
Quem consumou teu final?
Palmeira bicentenária
Tua morte dói no Pilar;
Daqui a duzentos anos
Quem de nós vivo estará
Para poder contemplar,
De forma extraordinária,
Outra palmeira histórica,
Palmeira bicentenária?!
NA GAIOLA DA SAUDADE
Minha terra tem gaiola
Onde canta o sabiá
Com saudade das palmeiras,
Das belezas do lugar.
Minha terra tem gaiola
Onde canta o concriz,
Relembrando que outrora,
Na mata era feliz!...
Minha terra tem gaiola
Onde canta o curió,
Quando nada lhe consola,
Se sentindo muito só!
Minha terra tem gaiola
Onde canta a patativa,
Pra lembrar de vez em quando
Que ainda ela está viva!
Minha terra tem gaiola
Onde canta o canário,
Melodiando a sua dor
No canto extraordinário!
Minha terra tem gaiola
Onde canta o azulão;
Certamente quando assola
Em seu peito a solidão!
Eu também canto cedinho
Quando acordo na cidade;
Me sentindo um passarinho
Na gaiola da saudade!