LiLuLA


Entre as pedras paralisadas e os matos esticados
Uma silhueta meio invisível e articulada repousava
Com suas patas dobradas,
Igual ao rabisco de uma fada.

Seria uma mosca ou uma vespa com as asas decoradas?
Ou seria uma borboleta desbotada?
Seria uma sentinela alada?

Era uma quimera misturada,
Era uma ninfa que se debruçava na folha
E que disfarçada de libélula fitava os espinhos.
Assim, ela ali meditava sobre a relva
Que ascendia calada.

Por um instante desdobrou as suas asas
E tocou a brisa que passava para ver se era branda ou brava.

Hipnotizava o olhar a metamorfose que ardia hipnotizada.

Se encolhia na minúscula folha e adornava a ponta da planta,
Se misturava ao calor do dia, mas destoava dos matizes da mata,
Se fundia ao ar que as plantas exalavam
E se deleitava em apagar e reacender na paisagem.
Divagar e vigiar pelas folhagens,
Até que ao findar cada dia
Ela sumia...