Poeta Torto

Há muita traça bebendo em áureas taças.

A caneta de pena de cisne lamenta e chora,

Essa saudade do poeta de outras massas;

Que laborava e suas penas lhe era de graça.

O tinteiro triste a foto de Camões abraça.

Queria ver o poeta que a manga arregaça.

E que voltasse o tempo que se lia a fumaça.

Se apodere da taça o que a natureza abraça.

O pergaminho já desiludido desse esperar,

Depressivo e caído vê o poeta agora teclar,

Sem as penas do esquecido cisne branco,

Páginas digitais é razão de todo seu pranto.

Sem os versos envolvidos em seu corpo.

Pensa e vê o poeta de agora cinza e torto.

Lindalva
Enviado por Lindalva em 27/08/2019
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