Ao índio é o que resta

Desiludido, vejo eu o progresso aproximando

Progresso eu não sei se chamaria

Na verdade vem tudo ele dizimando

Nos maltratando e nos tirando alegria

Eu, que nestas matas

Vi nascer a consciência

E embaixo dessa sombra

Aprendi e pratiquei benevolência

Eu, aqui me entreguei

Deleitei-me aqui por vezes

Por vezes Rebusquei sonhos e

Degustei inocência

Liberdade eu aqui experimentei

Caridade foi aqui que conheci

Respeito mútuo foi aqui que encontrei

Várias batalhas nesta terra eu venci

Eu, que aqui vivi

Por toda minha existência

Por tudo que já sofri

Agora vejo esgotar-me a paciência

E hoje ao final da minha vida

Fincado nesta colossal floresta

Eu reluto e amo-a, mesmo sofrida

Pois lutar e resistir é o que me resta.

Cristóvão Ferreira;