Parado e com Frio

Escrito em 17-18/4/2018

As folhas secando vêm me chamando

Par respirar o calafrio da minha rua

Eu só queria continuar imóvel na minha cama

Para continuar escondido da verdade crua

Quero permanecer no terno abraço das cobertas

As manhãs continuam cinzas e paradas

O entorpecido céu ofusca a si mesmo

Eu olho para as paredes e janelas do mundo

E para espelhos e sombrios abismos

E percebo que tudo o que vi são poetas

As noites de certo vão se prolongar

Porque não têm vergonha ou piedade

De nós que vivemos por uma promessa

Que preza nos deliciar por toda a idade

Mas não acende o caminho das portas abertas

As nuvens translucidam o velho Sol

Eu agora não o sinto como antes

Só tenho ao encantador e simplório cinza

Que me faz imaginar que sou interessante

Que me faz querer ver e ser como poeta

As minhas incertezas e inseguranças são meras

E incapazes de fazer o mundo rotacionar com emoção

Mas no glorioso final de tudo que temos e sentimos

Derreto no oceano frio e fundo onde não há razão

E nunca mais sentirei o conchegante frio das cobertas

Maurício Ccosta
Enviado por Maurício Ccosta em 15/12/2018
Código do texto: T6527285
Classificação de conteúdo: seguro