Quero meus olhos de volta

Meus olhos se perderam na serpente

Contente se escoava pelas vertentes

Até que passou o tatu bola de enrolar

Que correu com meus olhos pro seu lar

Meus olhos grudaram em todos os bichos

Na desordem do cardume me ricocheteei

Ressenti as lágrimas de amornar a face

Serei eu do corvo branco ou preto finalmente

Bicho de pena, escama, pelo ou esculacho

Meus olhos se prenderam na águia obtusa

No escuro da noite coruja cabeçuda

No clarão do lagarto levantador de pó

Tragam-me, por piedade, meus olhos de volta

Sumiram há tempos da cara carcaça

Saudades tenho do sol e brancura das luas

Quero ser novamente escravo dos anzóis

Marcos Rossi
Enviado por Marcos Rossi em 01/06/2018
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