Anemoi
Cataventos, aletas de cores e alegrias
Energias em bandos de alentos
Rebentos de pétalas de alegorias
Acenos de paz em movimentos
Do olhar a voos de imagens
Do sentido a vozes do canto
Do abraço a camaradagens
Do sorriso ao belo encanto
Rosa dos ventos, aro curvo, rotundo
Na crista de galo de sota-ventos
Girando a roda biruta do mundo
Tocando o sentido em todos momentos
Do Norte aos rumos da sorte,
Da aura Leste à vereda agreste
Da paloma azul arribando ao Sul
Oeste brasido sobre o sol investe
Moinho de ventos, força e ranger de paramentos
Envergando rajadas, grilando engrenagens
Rolando a roda, trepidando a pedra, moagens
Triturando grãos a farelos, a pó, alimentos
Pelas águas correntes de outras paragens
Da terra ao cultivo, da lida renhida
Do cálice ao fruto, da dor ao sustento
Do sabor ao prazer da vida remida
Velas ao vento, eventos de monções a barlaventos
Retesando amarras em lufadas cortantes
Moldando velas em túneis de tempos
Balançando a proa em golfadas errantes
Do nascer ao poente, do porto à enseada,
Da noite à aurora, do convés à amurada
Dos sonhos a esmo, ermos destinos,
Sobre ondas, sob nuvens e brisa alada
Sob sóis, sob luas a pinos
Sob brilho de estrelas da eterna morada...
Anemoi (“ventos” em grego)
(dfholanda, Aclimação, 13 janeiro 2018)