PÁSSAROS À TARDE

Tarde na colina.

Lá embaixo, as meninas

brincam de roda;

o meu verso acorda.

Numa folha, escrevo uma carta ao vento,

e ele a leva.

Não me deixa retornar ao meu aposento,

pois uma linda surpresa, me reserva.

Da montanha, vem uma nuvem esquisita.

Ela não hesita,

para não chegar atrasada;

dela sai uma chuva cantada!

Passarinhos ocuparam a colina.

Esta era a nuvem amiga!

É pena que estão lá embaixo, as meninas;

não podem ver a ternura das aves-bailarinas!

Suas melodias são ricas e variáveis!

Balançam as folhagens saudáveis.

Os pássaros dão um clímax à tarde;

vão me deixar saudades!

Viajaram durante meses!

Mas creio que voltarão mais vezes,

pra recriar o céu azul-escuro,

os pássaros de outubro.

Na árvore, encostado,

aprecio as aves voando ao meu redor.

Ouvindo a sonoridade, sonho com um mundo melhor...

E de voar, para me libertar deste homem falho

que tenho me tornado.

-Gabriel Eleodoro

Rio de Janeiro, 27 de dezembro de 2004.

Gabriel Eleodoro
Enviado por Gabriel Eleodoro em 20/10/2016
Código do texto: T5798015
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