PÁSSAROS À TARDE
Tarde na colina.
Lá embaixo, as meninas
brincam de roda;
o meu verso acorda.
Numa folha, escrevo uma carta ao vento,
e ele a leva.
Não me deixa retornar ao meu aposento,
pois uma linda surpresa, me reserva.
Da montanha, vem uma nuvem esquisita.
Ela não hesita,
para não chegar atrasada;
dela sai uma chuva cantada!
Passarinhos ocuparam a colina.
Esta era a nuvem amiga!
É pena que estão lá embaixo, as meninas;
não podem ver a ternura das aves-bailarinas!
Suas melodias são ricas e variáveis!
Balançam as folhagens saudáveis.
Os pássaros dão um clímax à tarde;
vão me deixar saudades!
Viajaram durante meses!
Mas creio que voltarão mais vezes,
pra recriar o céu azul-escuro,
os pássaros de outubro.
Na árvore, encostado,
aprecio as aves voando ao meu redor.
Ouvindo a sonoridade, sonho com um mundo melhor...
E de voar, para me libertar deste homem falho
que tenho me tornado.
-Gabriel Eleodoro
Rio de Janeiro, 27 de dezembro de 2004.