O acordar da bicharada
O acordar da bicharada
Madrugada, o dia já começou,
O porco na pocilga grunhiu.
A nédia ovelha também baliu,
O galo batendo as asas cantou.
A passarada no bosque chilreou,
O burro acordando, relinchou,
A galinha patareca cacarejou,
Todo o galinheiro se assustou.
O cavalo vendo o seu dono,
Cheirou e pela ração procurou.
O cão rafeiro de guarda ladrou,
O gato tareco bocejou com sono!
O pássaro cuco no ramo cucou,
Indo por os ovos no ninho alheio.
Grasnou o corvo negro e feio,
No cipreste o melro negro cantou.
Os pardais, malandros irrequietos,
Chilreando aflitos no telhado.
Porque o caseiro os havia assustado,
Foram pousar numa árvore ali perto.
Mas este mundo da bicharada,
Comem sem nunca trabalhar.
Parecem algumas pessoas imitar,
Fala sempre sem nada apresentar.
J. Rodrigues (Galeano) 23/03/15