Tive a felicidade de encontrar as palavras certas
no jardim incerto.
Impreciso e insensato.

Tive a felicidade de conhecer a primavera
no mundo sem flores.

Tive a felicidade de encontrar você
no meio do torvelinho da vida...

Há labirintos secretos,
portas abertas e fechadas.

Há segredos expostos e
outros ocultos...

Há felicidades vulgares e
outras absurdas.

Como a de rasgar bilhetes que
escrevi para você e
jamais entreguei...

A de memorizar confissões
nunca realizadas,
há o empalamento diário
de nossas culpas...
que permanecem de pé...
tangentes e latentes
a realidade lá de fora.

Riscam um rascunho 
sempre descartável.

Por enquanto aqui dentro.
Em mundo feudal e autista.
Isolado em bolha de sabão
e pensamentos.
Tive felicidades...

E as recolho delicadamente
como as gotas de orvalho
nas manhãs.

E, finjo que são lágrimas.
Sentidas e misericordiosas.
Pois são orvalhos concretos
em flores imaginárias.
 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/02/2015
Reeditado em 16/02/2015
Código do texto: T5139263
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