CULPA DE QUEM
Primavera, verão, outono e inverno.
Estações que se combinavam com ligeiras distorções,
Que ao homem do campo jamais preocupava.
Estação das flores, exuberância, seus perfumes,
Assim era a primavera exibindo suas cores,
E os pássaros felizes voavam em revoadas.
Vinha o verão, calor intenso, prenúncio de chuvas,
Que vinham abundantes regando a terra,
Fazendo as plantas crescerem vigorosas,
E o agricultor feliz fazia suas colheiras.
O outono era a pausa para um adormecer,
Despindo os troncos das folhas amareladas,
E as matas buscavam o silêncio estimulante,
Quebrados quando a brisa passava devagar.
No inverno o frio cortante era depurador,
Matando as pragas que causaram prejuízos,
Para que quando as sementes fossem plantadas,
O lavrador já sabia que foram eliminadas.
Hoje, transformações que não se entendem,
Alterações climáticas fora das estações,
Um estertor da natureza toda confusa,
Que chora vendo suas matas devastadas.
Rios secando, reservatórios quase mortos,
Imensas vastidões de água onde o gado hoje pasta,
E culpam quem diante dessas situações?
São os poluentes dos veículos automotores,
Fumaças das chaminés que sufocam,
E as matas que queimam sem nenhum pudor,
Emitem o gás carbônico perigoso que pode matar.
Além de provocarem o efeito-estufa tão sufocante.
Sistema Cantareira que perde toda exuberância,
Exibe agora o volume morto quase se acabando,
Com população preocupada entrando em desespero,
E os rios que poderiam recompor o pouco do que lhe resta,
Estão também secando perdendo suas dignidades.
Homem insensato que devasta todas as matas,
Queima árvores imensas com décadas de vida,
E depois como se fosse um penitente arrependido,
Faz compensações ambientais com mudas pequenas,
Que levam anos para emitirem oxigênio suficiente,
Só que as frentes frias que antes existiam,
Se transformam em massas de ar quente,
Impedindo a formação de nuvens que provocam chuvas.