Singradura
Quando o tempo trouxer o amanhã
talvez já não haja demora aqui
pois do alento já sopra a brisa
de que a vela precisa
para seguir
Quando o sol celebrar a manhã
talvez já não esteja mais, parti
e o sentimento já toca e avisa
clareia e revela na tela
o sentido de ir
Quando o sol se afundar na tarde
talvez já não aviste o farol, o perdi
e na solidão da gaivota se visa
a aura d’Alva tão rara, tão bela
ao precioso porvir
Quando a noite abrir as estrelas
para tatuar o firmamento,
talvez já esteja longe, fugi
e no balanço da proa entoa
a ressaca das ondas
O que resta a ouvir
Quando o leme seguir à deriva
Talvez já ancore aqui e ali
E nas brancas marolas longe da orla
Retorna a maré às vazantes
Ante os olhos distantes
Da tez calva do horizonte
sem praias nem montes
de onde partir...
(dfholanda, Aclimação, 23jan2014)