Vingança de flor
Nunca magoe uma flor.
Ou os frutos te devoram;
O calor será dura rocha,
Os rios te secarão,
A lua aluará para sempre,
Do opaco cetim;
O vento te soprará longe
Para as coisas tórridas;
O magma será vomitado
Do ventre da terra,
Torrando-te sem pena;
Os bichos bicharão vermes
Sedentos da tua carne;
Não haverá jardins
Nem cantigas de roda,
As crianças serão velhas
Carcomidas e tristes,
Os olhos não terão paz,
Mil sois te queimarão
De noite em amargos dias,
Os desertos te visitarão
E trarão areias tristes
Evasivas e amedrontadas;
Os tempos serão loucos,
Verão outonos e invernos
Sem as cores da primavera;
As abelhas te usarão
Para fazerem o amargo fel,
Já que o mel tu derramaste.
Nunca magoe uma flor
Ou o amor te odiará
Para todo o sempre...
Cacá