Protestando

naquela manhã gelada de inverno,

acordei ao som do coral de pássaros,

abro a janela ainda escutando a sua sinfonia

e nos vidros enxergo lacrimosa e vagarosamente

caírem as gotas de orvalho.

Olho para aquela rua discreta e deserta

e só percebo a saudação das folhas de jamelão,

voando ao sabor dos ventos.

Logo depois, sigo em direção a cozinha,

lá sou cumprimentado pela caturrita que grita

o meu nome me dando bom dia,

pela porta percebo minha mãe tomando chimarrão,

se aquecendo sentada ao sol.

Me aproximo, sei que não é meu costume

mas peço um ´´amargo´´, me rendo

a essa maneira de se aquecer e proteger do frio,

ainda que bem agasalhado,

na rua estou bem mais a vontade.

Olho para o lado e na ocasião vejo

o quero-quero de estimação encarangado,

pedindo um conforto. de repente

parado na frente do portão,

reconheço o mesmo coral de pássaros,

cantando em outra sintonia,

sem ter aquela mesma alegria

que tinha naquela manhã.

Então, logo deduzi que não estavam cantando

e sim protestando contra essa estação

que continua horrível.

Sei que a chegada da primavera

ainda vai demorar, enquanto isso

continuarei à tomar o meu chimarrão

sentado ao sol, encolhido como um caracol

e como diria a minha mãe, ´´não se esqueça

um bom chimarrão tem que ser

com a erva chaleira preta.

poeta voador
Enviado por poeta voador em 18/12/2013
Reeditado em 03/01/2014
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