Colhendo os frutos
Hoje decidi ficar assim, mais natural,
Mais selvagem, mais bucólico, mais a par de mim
Deixarei que poucos tirem minha concentração
E se sou filho de Deus tenho meus direitos,
Meus trejeitos, meus imperfeitos,
Vou deixar que as árvores falem por mim...
Sim, só elas saberão quando algo me empertigar,
Vou arrepiar, eriçar minhas folhas, vou enrugar
E quando o tempo passar, a estação mudar,
Vou transformar também...
Ver se pinto as flores,
Ver se troco os amores, ver se colho frutos,
Ver se tem abelhas para mim
Mas se a estação trocar, juro não ligarei,
Recolherei as flores, deixarei sair as folhas, os odores
Num canto solitário vou deixar o vento levar
Pouco a pouco sei que tudo vai passar,
Novas folhas virão, o Sol voltará a brilhar,
E eu a admirar, sua sombra, seu frio, sou servo a idolatrar
Vai que um dia volto a florir, chegará a primavera
Quem será ela e quando será ela?
No tempo que der, quando o inverno passar, quando as folhas encolher
Quando o frio fizer tremer, quando perder todas as folhas,
Quando não tiver tempo de me recolher, quando eu não esperar
E quem sabe assim, vivendo como frutífera, sobre para mim,
Os frutos que um dia irei colher num verão que eu bem-merecer...
Gabriel Amorim 17/10/2013 http://devaneiospalavras.blogspot.com.br/