A Noite o Dia Tece.





 
Acontece...
Acontece! Já é fim de tarde 
Ela, vindo de mansinho,
É uma noite tão moça
Seduzindo aos pouquinhos.
 

Anoitece...! Aves fogem do relento
Nas árvores buscam guarida 
Em chilrear barulhentos
Sob o ar frio cinzento,
As primevas seduzidas.
 
A vida no vale se apaga
Quase tudo, tudo, adormece.
Outras criaturas se vão 
Algumas vêm vê-la passar:
O mocho, a raposa, a gambá...
 
Ao longe, uma velha choupana,
Entre varonis... Pinheirais 
Bem lá... Na beirada do rio...
Brotam fumaças branquinhas
Contrastando pelo ar.
 
O matuto dispõe lamparinas,
E as acha na lareira
Desperta chamas pequeninas 
Que na escuridão vêm brincar
Imitando estrelas tímidas
Que já encetam o brilhar.
 
É noite, é noite, é à noite...
Logo, logo, há de passar,
Novo dia há de ser... 
Musa de breu, negro cetim,
Macambúzia chega ao fim
Terminando em maldizer
 
O sol amarelecido
O brilho pálido da manhã,
Nessa hora tão bebê.
Não sabendo ela, a noite,
Que o dia vem lhe tecer.

Adonis Yehrow
Enviado por Adonis Yehrow em 05/06/2013
Reeditado em 05/06/2013
Código do texto: T4326511
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