RIOS.
Rios!
Que arrastam os sonhos sonhados,
Levando consigo peitos magoados,
Correndo veloz como forte torrente,
Que lavam as cinzas de corpo suado,
De pobre esquecido torrão ressecado,
No corpo da terra da filha semente!
Rios!
Que leva de arrasto a quem se opor,
Na força das águas de forte teor,
Embora precise lhe ser ressaltado,
Agruras que emanam da terra deserta,
E o profundo leito esperanças desperta,
Da vida que brota no líquido sagrado!
Rios!
Que dá a seus filhos a beber e saciar,
Regando a prumos sem nunca cansar,
À planta inocente que cresce viçosa,
Que bate-se tão forte pelas corredeiras,
De águas torrentes plenas cachoeiras,
Causando aos olhos sensação gostosa!
Rios!
Quantas maravilhas se ver em tuas águas,
Nos fortes remansos chorando as mágoas,
De um mundo sedento de conhecimento,
Percebe-se que em breve por ti vai chorar,
A triste amargura que se vai propagar,
Ao ver tuas águas em fétidos excrementos!
Rios!
Que corres perene de ladeira a baixo,
Como véu de noivas despeja em regaços,
Parecendo os braços do autor da vida,
Nas curvas sinuosas se vai deslizando,
E de chão adentro seus rastros deixando,
A banhar de alegria menções esquecidas!
Rios!
Que o homem insensato procura matar,
Tão frágil e indefeso está sempre a clamar,
Já pede socorro em seu choro constante,
Aos poucos esvaindo-se vai se desfazendo,
Enxames, cardumes de vidas morrendo,
De homens animais sempre agonizantes!
Cosme B Araujo.
22/05/2013.