A MORTE DA BALEIA
A MORTE DA BALEIA
Não merecias a morte.
Tão bela, tão grande e dócil...
Não essa morte esculpida por mãos humanas,
por essa maldade incrustada em séculos de memória,
essa indiferença estranha e pegajosa
que o homem carrega em seus olhos.
Dominamos a terra, o ar e o mar,
mas nos esquecemos dos limites.
Se nos lembrássemos de que a vida
é um frágil espelho de cristal,
seu canto continuaria a ecoar pelos mares
repetindo aquela mesma sequência
tantas vezes ouvida e sempre encantada.
Enquanto elas entoam suas canções entre as conchas,
velhos arpões ainda executam o nefasto ritual
de tingir a imensidão azul.
Como explicar, como entender?
Não sei dizer.
Só sei que o homem ainda é um pequeno rascunho
e, em tudo, menor que as baleias.
Basilina Pereira