CHUVA QUE FALTA
O sertanejo busca barreiros com água tão suja,
Que filhos suplicam mesmo que sejam escuras,
E não tendo alternativas as lágrimas escorrem,
Do rosto enegrecido pelo sol causticante.
Mãe peregrina com coração despedaçado,
Percorre distâncias com pés descalços que sangram,
E ao ver a terra enegrecida onde o rio antes corria,
Suas lágrimas fazem brotar uma poça com água.
Enche a cabaça num surpreendente sorriso,
E volta pro rancho equilibrando a única riqueza,
Gotas que não podem perder pois falta farão,
Fervendo para matar as bactérias presentes.
Coa numa irreverência como num cerimonial,
Pois olhos atentos estão ansiosos para beber,
E numa canequinha como se contando as gotas,
Vai distribuindo aos filhos sedentos e com fome.
Chuva que foi e buscou outras paragens,
Na Amazônia que pede para ela parar,
Pois sangra e transborda em todos os rios,
Inundando cidades e suas casas flutuantes.
O sertanejo olha sua plantação que morreu,
E o gado que sucumbiu por não encontrar alimentos,
Pedindo aos céus para iniciar um novo plantio,
E assim alimentar toda a família que sofre.
01-06-2012