A cerejeira em flor é assim
Quem de nós despir-se-ia por nada em troca verdadeiramente
Como no outono a árvore se faz sem deixar sobrar uma folha se quer
Quem de nós lançaria ao sabor do vento sua semente
Como a natureza faz nos revelando homem ou mulher?
De onde tiraríamos forças pra correr tal qual o rio quando sai da nascente
Que vem manso e sorrateiramente torna-se voraz vazando do leito
Quem dera sermos capazes de dominar algo tão intenso e imponente
Quem dera sermos capazes de controlar o que trazemos no peito?
Quisera eu poder um dia ser tal qual a cerejeira em flor
Cuja vida é intensa e curta como a de um guerreiro samurai
Mas enquanto viva e florida, traz belezas e representa o amor
E ao toque do vento se desmancha, voa, se vai...
Quisera eu enfeitar os dias de alguém que me queira bem
Como as flores fazem com as ruas, os parques e o nosso jardim
Ser a água das chuvas que lava a terra e nossas mágoas coíbem
Levando a tristeza e revelando o amor escondido em mim.
Quem me dera ser a cerejeira em flor pra lembrar o amor verdadeiro
Esperar o vento certo e viver cada dia como se não houvesse amanhã
Ser do bem e da esperança um fiel e estimado escudeiro
E mesmo caindo, morrendo a cada verão, voltar no outono, ser talismã...