Pareta

Um silêncio todo

silenciava tudo

::e:: ::m::

::m:: ::im::

era um silêncio tamanho

::::: o véu rasgou :::::

revelando o porvir

e

o

nascimento do Pareta.

II

Esse inverno fala coisas

sua sombra coube

de apalpar a tristeza

quando o tempo passar

ressurgirá recalcado

aí estaremos embalados pelo som das florestas

na voz penetrante do desconhecido

esse inverno é tão torrente

o porvir permanece na seiva

renasceremos no calor do verão

à espera de dias primaveris

quando a hora se aproximar

mergulhados

estaremos em mar de pétalas

sentindo o vento tocar a face da flor.

III

Apalparemos as luas

participando ao máximo

do desfrute da sublime canção

a poesia dará ritmo

a poesia-flor

levará a noites frondosas

desfolharemos as ramagens com pureza

para ensaiar o caminho do Imponderável.

Pareteremos em noites enluaradas —

em verdes cantos

em belos sons

em inexorável poesia.

IV

Desbravando

o mundo das emoções

o choro das choronas é alma viva

luar de verão badalando a maré

sem medo da decadência

proa à prova que tudo permanece

insondável à medida que o mundo chora.

O choro das choronas

espoca um canto doce

onde o céu reverencia sua majestade.

V

Ao que permanece impalpável

darei as mãos ao sereno

pegarei os sonhos:

eles darão a chave de pedra

com os sonhos conquisto o vento

por isso

sei cantar.

VI

À parte sou luz pungente

alcançando o infinito.

À parte nasci para cantar

e sentir o sol resplandecer

seu esplendor sobre a profundidade.

Àparte, sempre à parte

expondo meu eu em mim.

VII

Repentinamente senti a luz me envolver

repentinamente reconheci o hino dos anjos

ele tocou o silêncio ao transpor as nuvens, ao anunciar o

imponderável

trouxe nas mãos as flores murchas do campo perdido de

nossa primavera.

VIII

Ainda sou brisa

ainda sou suavidade nas águas

ainda sinto o profundo silêncio

tudo é um mundo que se renova

tudo está preso em nós

– consagração da poesia

Sinto o cheiro do verde

a revelar que tudo é eterno nessa calmaria.

IX

Entre árvores ao reluzir das luzes

no genuíno olhar da lua

a terra consagrou o vento:

coisas fantásticas permanecem no espaço indizível

Será a cor que dará o ritmo do canto?

X

Em breve

estará aberta a fronteira para o inefável

Em breve

a cruá ressurgirá como folha seca

Em breve

as coisas traçarão pelejas

Em breve

o que não foi dito ficará sendo no irrevelável.

XI

Oh!

essa bela árvore seca

ela aflora a alma

transmite tudo

que o amanhã revela de mais verdadeiro.

XII

Essa árvore é um encanto

sua pele é como chuva de clarim

estou mergulhado

na quimera de seu cheiro

– essa árvore ilumina o céu

assim:

_______de maneira mágica e serena_______

XIII

Transformados

estamos

pelo doce suspiro dos pássaros

os sorrisos

são profundas cachoeiras

carregadas no espírito

olhemos

o pulmão da natureza

desabrochar em cada aurora.

XIV

O vento chora

profundamente na eternidade

ele

conhece a força imponderável

de estar presente

somente sinto o poema.

o vento faz um verso perfeitoem seu choro imortal ultrapassa limiteso vento nasceu

tudo está consagrado por seu brado.

– Purifiquemos:

pareterei as nuvens

a sorrirem para o poeta do altar

pareterei

coisas de uma ternura

tão profunda do coração

que renderás ao encanto da pena

pareterei

para acompanhar o poema

revelador da verdade.

O canto imponderável do vento paira...

e sob a relva de meu ser

sinto seu zunir confortar-me

esse canto é sopro:

poema-vida

luz-cor-ritmo-palavra.

vê:

o ar está embriagado com sua lira

e incansavelmente

vai

saudando meu coração

com a força dos poetas perfeitos

esse poema de eternidade

percorre montanhas

atravessa riachos

resplandece nos bosques

:de cá dentro de mim:

XV

Os gansos

não retornaram do verão

eles ficaram nas verdes águas

de lá do fundo

onipotentes nos sonhos constantes

das lembranças que atravessam

os gansos não retornaram

ficaram perdidos em seu universo

esquecidos no deleite da carne insondável.

XVI

Sou como esta luz atrás da árvore

resplandecendo a pureza da tarde

sou sol transpondo as fronteiras do indizível

sou o fundo do oceano

onde os peixes

usufruem das metáforas das palavras.

XVII

Ela está sozinha numa galha

mergulhada na solidão.

abriu porta para o infinito

e encontrou o super-homem

ela é a essência do divino

ela é minha lagoa encantada.

tenho certeza de que as rosas falam.

XVIII

As rosas é a imponderável certeza

que estar é ser no sentido mais natural da consagração.

Elas são a tradução do encanto proveniente dos deuses

a singela beleza do existir:

Sente

o fragor de suas pétalas agraciadas

seu puro aroma

relevando

o d i v i n o...

XIX

Basta

ter olhos preparados

para sentir

sua presença imponderável.

Basta

reencontrar o sentido

para a lua aflorar.

XX

No meio da lagoa

seu corpo

branco de neve

no constante das águas escuras

percebi o sorriso natural das correntes

ultrassensíveis.

senti o puro

sentido

.

.

.

do presente flutuante

Olha:

como todos olham

veja o seu namoro

os gansos do Dique são duas luas na galáxia

dos meus mistérios interiores.

Ivan de Almeida
Enviado por Ivan de Almeida em 05/11/2011
Código do texto: T3318013
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