Crônicas das águas IV

ENCONTRO DAS ÁGUAS

Duas cores se abraçam

no meio da serpente líquida.

É o espetáculo que se repete á milhões de anos

- A Natureza sempre pede bis.

POROROCA

A onda vem engolindo as margens só para depois devolvê-las.

Vem rápida, arrasta troncos e desavisados.

E se dilui no rio-mar,

afinal esse é o destino das ondas solitárias.

HORA DO ALMOÇO

Pernas e braços batendo,

pranchas e bóias se mexendo.

Há sempre algum tubarão faminto

que aprecie esse caos.

DESENCONTRO DAS ÁGUAS

Manilhas vomitam no rio

podridão e desrespeito.

Se peixes pudessem chorar

já teriam salgado essas águas á muito tempo.

PARAÍBA DO SUL

O barro divide espaço com o lixo.

O rio assiste á estranhos monumentos tentando domá-lo.

Corre, enquanto pode, para seu encontro com o oceano.

A MAGIA DAS ÁGUAS BARRENTAS

Na água turva, ocorre a transformação:

Jacaré vira tronco

Peixe vira folha-seca

Tartaruga vira pedra.

E alguns seres desaparecem,

como aquela cobra que estava olhando para a folha-seca.

Vinicius AA
Enviado por Vinicius AA em 16/08/2011
Código do texto: T3162552
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