Crônicas das águas IV
ENCONTRO DAS ÁGUAS
Duas cores se abraçam
no meio da serpente líquida.
É o espetáculo que se repete á milhões de anos
- A Natureza sempre pede bis.
POROROCA
A onda vem engolindo as margens só para depois devolvê-las.
Vem rápida, arrasta troncos e desavisados.
E se dilui no rio-mar,
afinal esse é o destino das ondas solitárias.
HORA DO ALMOÇO
Pernas e braços batendo,
pranchas e bóias se mexendo.
Há sempre algum tubarão faminto
que aprecie esse caos.
DESENCONTRO DAS ÁGUAS
Manilhas vomitam no rio
podridão e desrespeito.
Se peixes pudessem chorar
já teriam salgado essas águas á muito tempo.
PARAÍBA DO SUL
O barro divide espaço com o lixo.
O rio assiste á estranhos monumentos tentando domá-lo.
Corre, enquanto pode, para seu encontro com o oceano.
A MAGIA DAS ÁGUAS BARRENTAS
Na água turva, ocorre a transformação:
Jacaré vira tronco
Peixe vira folha-seca
Tartaruga vira pedra.
E alguns seres desaparecem,
como aquela cobra que estava olhando para a folha-seca.