As pedras de setembro
Á noite,
quando choveu,
Maria chorou e jogou sal no tempo.
A água fria, que caiu das nuvens,
regou os campos secos.
Em seguida,
Pedrinhas de gelo
bateram descompassadas no telhado,
assustando os pássaros aninhados no beiral.
Os eucaliptos finos foram quebrados,
e as árvores velhas foram desgalhadas,
pelo vento forte que soprou.
Os sapos, que estavam escondidos,
saíram da lama e foram comer os besouros
que caiam ao chão após rodearem as lamparinas.
Choveu tanto que:
surgiu rio onde não havia rio,
depois,
cresceu lodo sobre pedras lisas,
nasceram flores onde ninguém havia jogado sementes,
ramas de mandioca brotaram na terra,
e o sol demorou um mês para secar o solo encharcado.
Quando amanheceu,
Maria tornou a chorar
ao ver as abóboras marcadas
e os mamoeiros despedaçados,
pelas pedras de setembro.