NATAL DOS POBRES

NATAL DOS POBRES

— O que queres tu hoje, de presente?

Eu vi mas era tudo muito caro!...

— Ó mãe, basta sentir tão docemente

Carinho... aconchego... o teu amparo.

— Meu filho, coisa pouca só que fosse

Seria para ti recordação;

Vi uma tão bonita, não te trouxe

Pois pouco me sobrou, paguei o pão...

— Mãe, deixa lá estar não te apoquentes

Teu cérebro descansa, sê feliz!

Conheço o grande amor que por mim sentes

E tanta coisa linda aqui se diz...

— Mas eu posso tentar uma prendinha

Que o homem até fia por uns dias...

— Não tragas nada, deixa lá mãezinha,

Teremos sempre as nossas alegrias:

— Eu vou buscar a lenha ali ao mato

E vamos acender uma fogueira;

Trazemos cada um o nosso prato

Ficamos no quentinho, ali à beira...

— A sopa está tão boa, tens razão,

Vai lá então; mas olha, não demores,

Que a mãe vai já cortando aqui o pão

E histórias contará, pra que as decores;

Assim foi; mãe e filho em harmonia

À beira da fogueira, o corpo quente,

Ficaram na ternura até ser dia

Num Natal tão bonito! E tão diferente...

Joaquim Sustelo

(editado em FLORILÉGIO DE NATAL 2007 pela Tertúlia

dos Escritores Rio de Prata. Já constava de NO SILÊNCIO DOTEMPO mas foi revisto)

Joaquim Sustelo
Enviado por Joaquim Sustelo em 18/12/2007
Código do texto: T783207