SINOS DE NOEL
SINOS DE NOEL
Passantes...
Abismos.
Ensimesmado cismo na lanchonete
o abismo
entre o açúcar e o sal.
Multidões circulam por
ruas efêmeras,
floridas com sinos de Noel.
O abismo entre o Bem e o Mal,
Catedral,
santo terno-eterno ritual,
o abismo entre o sacro e o profano,
é próximo o Natal.
Aflito desço a Avenida,
cruzo a rua de mão-única, contemplo abismos:
Mel e Fel: a Vida...
E em meio à multidão natalina,
me aproximo do consultório:
_ Doutor!
O abismo entre a saúde e a dor...
Retorno às ruas
em busca da alegria perdida:
canções de época, natalinas, idas, partidas
inundam becos, trechos, em
acorde, em estranha sinfonia:
Ó abismos!
Agonia e Êxtase.
Logo encontro guarida:
Livraria.
O abismo entre os vivos e os mortos.
Dialogo com títulos, prefácios...
Epitáfios a Franz Kafka, Walter Benjamin e Primo Levi:
Sefarad – primavera de 1492
e a trágica odisséia dos judeus.
Ó exílios,
os fios, os vestígios, a história,
os séculos, as nações;
entre a hospitalidade e a intolerância,
reina o trágico fundo do abismo.
As fronteiras em
tantos nós
e Jesus é um só.
Prof. Dr. Sílvio Medeiros
Campinas, é verão de 2007.