CONSOLO
É Natal. A Noite cai mansamente
Com seus olhos rútilos.
As ruas estão vazias.
Sento-me na praça e fito a garoa.
Sinto escorrer o tempo nas esquinas
Lentamente em gotas secas.
Tenho um só desejo: dissipar-me ao vento
Como a fumaça de meu cigarro.
Vejo uma mulher carregando duas malas
Até ponto de ônibus
Sozinha.
E também um rapaz aparece
Igualmente sozinho
Externando certa inquietude
Como à esperar alguém.
Distraído contemplo a solidão alheia
E me conforta não ser o único
Mas minhas cinzas caem no fundo
De um abismo a me espiar.
Timidamente
A namorada do rapaz chega
Dá-lhe um abraço
E se vão de mãos dadas.
E também um ônibus
(Ultimo da noite)
Leva a mulher que o esperava
Para ceiar na companhia da família.
É alta noite e já não sei o que esperar
Se uma namorada ou um ônibus
Que me leve ao fim da noite
Levemente aos braços do menino Jesus.