CONSOLO

É Natal. A Noite cai mansamente

Com seus olhos rútilos.

As ruas estão vazias.

Sento-me na praça e fito a garoa.

Sinto escorrer o tempo nas esquinas

Lentamente em gotas secas.

Tenho um só desejo: dissipar-me ao vento

Como a fumaça de meu cigarro.

Vejo uma mulher carregando duas malas 

Até ponto de ônibus

Sozinha.

E também um rapaz aparece

Igualmente sozinho

Externando certa inquietude

Como à esperar alguém. 

Distraído contemplo a solidão alheia

E me conforta não ser o único

Mas minhas cinzas caem no fundo

De um abismo a me espiar.

Timidamente

A namorada do rapaz chega

Dá-lhe um abraço

E se vão de mãos dadas.

E também um ônibus

(Ultimo da noite)

Leva a mulher que o esperava

Para ceiar na companhia da família. 

É alta noite e já não sei o que esperar

Se uma namorada ou um ônibus

Que me leve ao fim da noite

Levemente aos braços do menino Jesus.

HenriqueBazzí
Enviado por HenriqueBazzí em 24/12/2017
Reeditado em 01/04/2018
Código do texto: T6207415
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