QUASE NATAL SÉCULO XXI
O poema nasce matutino,
com sono, tirando remela dos olhos,
penteando os cabelos,
escovando os dentes.
Há um ázimo pão no céu da boca.
O espelho denuncia a aurora glacial
das incompreensões.
O sal do choro amanhecido
crivou-se em lágrimas.
Explicações. Lamúrias.
Amores fartos
(mesmo que ágeis de memórias)
nunca são lúcidos à hora do espólio.
Jesus Cristinho amado,
deixai que cantemos desamores.
O coração está pleno como dantes
e a órbita do mundo soluça
jingle bells como um terçol.
Bom-dia, Dona Paciência,
locupletem-se os pendores!
É inventário dos amantes.
– Do livro BULA DE REMÉDIO, 2005/2009.
http://www.recantodasletras.com.br/natal/1349556