A Reunião
No decorrer desta lacônica e modesta vida
Cuja existência concisa e frágil
Tornou-a em curtas palavras, resumida
Aos rios salgados do pranto ao que caio em naufrágio
Numa ilha cercada pelas gélidas lágrimas
Onde sobrevivo na total falta de companhia
Fazendo da areia as minhas páginas
Com um galho, desenhando a fantasia
Torno-a, o meu papel físico arenoso
Onde descrevo em rimas o meu lamento
Sobre a minha alma de espírito umbroso
Rabiscando meu penoso sofrimento
Expressando em frases árduas, sentimentos
Relembrando da dor áspera que tive um dia
Escrevo as curtas linhas do meu testamento
Deixando ao mundo, o herdeiro, a poesia
Que ao solo da ilha onde caminhei
Ficou escrita ao lado dos meus passos
Tudo aquilo que um dia eu pensei
Cada rabisco, cada linha, cada traço
Que são relatos de uma vida que já existiu
De um coração que outrora ostentava tanto amor
Mas hoje padeceu lamentando seu vazio
Um vazio que o tempo trouxe pavor
Em pequenas palavras tento fazer sentido
Convidando à quem estiver lendo
Que se um dia, a mim quis ter conhecido
Agora, chance estará tendo
Pois hoje haverá uma reunião
Especialmente preparada para alguém
Cujo qual, a verá de seu caixão
E sua presença se fará, vinda do além
Deixando este mundo ao anoitecer
Ficando aqui, o legado seu
Afaste o véu do rosto para ver
Que o dono da cerimônia sou eu
E fiz a minha total presença
Dedicado aos poucos que um dia amei
Vejo agora, que a morte enfim compensa
Quando se vive preso a uma mente sem lei
Onde não se governa nenhum sentimento
E teme errar na maior das decisões
Afogando-se no doloroso sofrimento
Onde refugiam-se os partidos corações