Do meu momento com o ceifeiro
Se um dia a morte chegar
(E ela vai)
Eu espero que ela me abrace
Como a pedra que cai
É abraçada pelo rio
Antes de ser carregada para o mar
Se um dia a morte chegar
Eu espero que não seja silenciosa
Espero que berre, que urre
E que depois cante absurdamente jocosa
Sobre as moiras e o seu tear
Se um dia a morte chegar
Eu espero que ela não explique
Que ela não ouse me deixar
Independente do quanto eu suplique
Encarecidamente pra ficar
Se um dia a morte chegar
Eu espero que eu compreenda
Que de alguma forma, eu entenda
E que eu não me surpreenda
Com o quão simples será lhe encontrar
Eu espero não chorar
Mas espero sofrer
Se ou se não doer
Em respeito ao sentimento
Eu espero prontamente a acompanhar
Encontrar no último suspiro, meu relento
Quando a morte chegar
Porque eu sei que ela vai
Tão certa quanto o vento
Que derruba as folhas no pomar
Já nasci a esperar o advento
Do dia em que a morte chegar.