Do meu momento com o ceifeiro

Se um dia a morte chegar

(E ela vai)

Eu espero que ela me abrace

Como a pedra que cai

É abraçada pelo rio

Antes de ser carregada para o mar

Se um dia a morte chegar

Eu espero que não seja silenciosa

Espero que berre, que urre

E que depois cante absurdamente jocosa

Sobre as moiras e o seu tear

Se um dia a morte chegar

Eu espero que ela não explique

Que ela não ouse me deixar

Independente do quanto eu suplique

Encarecidamente pra ficar

Se um dia a morte chegar

Eu espero que eu compreenda

Que de alguma forma, eu entenda

E que eu não me surpreenda

Com o quão simples será lhe encontrar

Eu espero não chorar

Mas espero sofrer

Se ou se não doer

Em respeito ao sentimento

Eu espero prontamente a acompanhar

Encontrar no último suspiro, meu relento

Quando a morte chegar

Porque eu sei que ela vai

Tão certa quanto o vento

Que derruba as folhas no pomar

Já nasci a esperar o advento

Do dia em que a morte chegar.

Dalutti
Enviado por Dalutti em 14/10/2024
Reeditado em 15/10/2024
Código do texto: T8173612
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