A JORNADA

Numa época de mudanças eu nasci

Eu chorei e todos sorriram

Me deram nome de Santo, não prometi fazer jus a ele...

Em meio ao rigor da educação, de tudo que a moral exigia,

encontrei alento e carinho no amor e na proteção daqueles que a pobreza me ofertou como pais.

Cresci aprendendo o valor do que pra maioria não tinha valor nenhum...

O vento no rosto era o carinho que recebia da mão de Deus. Mesmo me perguntando se Deus tinha mão.

Os sonhos dos amigos da rua, se realizados, teriam o poder de criar um mundo perfeito.

Muitos sonhos ficaram no caminho, mas, nós continuamos.

À cada despedida, sentia o medo de nunca mais ver aquela pessoa...

À cada um que nascia, esperava que trouxesse notícias de algum lugar, onde todo mundo se reencontra.

A vida, a morte, pareciam sempre estar num lado da balança. Onde eu iria colocar o "peso" que tinha nas mãos ???

A vida é incrível...Mas, a morte é mistério. Sempre me chamou mais a atenção.

Sou curioso, tenho uma sede de saber que não passa.

Tento guardar em mim todos os sabores, cores, cheiros, alegrias e o contrapeso da tristeza e do sofrimento, para levar comigo se a estrada não acabar.

Em cada aurora, a alegria de tudo novamente ser possível.

No pôr do sol, a mais triste das belezas que Deus criou, aquieto a alma e me convenço que sou pequeno, que preciso de vida.

Até que enfim, o fim chegou. Vivi a vida, nada lamento, vamos ver o que tem por trás da cortina deste mundo...e agora, enquanto todos choram, eu sorri.

ANDRÉ L C MELO
Enviado por ANDRÉ L C MELO em 05/01/2023
Código do texto: T7687787
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