A JORNADA
Numa época de mudanças eu nasci
Eu chorei e todos sorriram
Me deram nome de Santo, não prometi fazer jus a ele...
Em meio ao rigor da educação, de tudo que a moral exigia,
encontrei alento e carinho no amor e na proteção daqueles que a pobreza me ofertou como pais.
Cresci aprendendo o valor do que pra maioria não tinha valor nenhum...
O vento no rosto era o carinho que recebia da mão de Deus. Mesmo me perguntando se Deus tinha mão.
Os sonhos dos amigos da rua, se realizados, teriam o poder de criar um mundo perfeito.
Muitos sonhos ficaram no caminho, mas, nós continuamos.
À cada despedida, sentia o medo de nunca mais ver aquela pessoa...
À cada um que nascia, esperava que trouxesse notícias de algum lugar, onde todo mundo se reencontra.
A vida, a morte, pareciam sempre estar num lado da balança. Onde eu iria colocar o "peso" que tinha nas mãos ???
A vida é incrível...Mas, a morte é mistério. Sempre me chamou mais a atenção.
Sou curioso, tenho uma sede de saber que não passa.
Tento guardar em mim todos os sabores, cores, cheiros, alegrias e o contrapeso da tristeza e do sofrimento, para levar comigo se a estrada não acabar.
Em cada aurora, a alegria de tudo novamente ser possível.
No pôr do sol, a mais triste das belezas que Deus criou, aquieto a alma e me convenço que sou pequeno, que preciso de vida.
Até que enfim, o fim chegou. Vivi a vida, nada lamento, vamos ver o que tem por trás da cortina deste mundo...e agora, enquanto todos choram, eu sorri.