Princípios de Renascença / Dedicação a Nuno Júdice
Sou como a decadência
A melodia terrena que se elevou aos céus
Após anos de tortura enfeitando festejos fúnebres
E ouvidos tristes que se apegaram a ela
A impedindo de voar novamente
Sou como a pestilência
Que enfim conseguiu cumprir a sua função
De pôr fim aos seletos seres que viveram
E que agora, com fruto de suas perdas
Podem se reerguer em novos ramos
Sou como a sobriedade da vida
Que após a primeira partida
Acho recanto
Entre os alentos magistrais e suas oligarquias divinais
Passados de meros mortais a anjos guardadores
De outros meros mortais
E como proclamou Nuno Júdice
Podíamos saber um pouco mais
da morte. Mas não seria isso que nos faria
ter vontade de morrer mais
depressa.
Podíamos saber um pouco mais
da vida. Talvez não precisássemos de viver
tanto, quando só o que é preciso é saber
que temos de viver.
E assim me torno ciclo da infinitude
Que se perpetua entre o amor e a indiferença
Que planta sementes de discórdia
E colhe frutos de reverências forçadas
Para renovar em votos celebres das bodas
E assim me torno ciclo de incompletude
Que se completa em sua própria nomenclatura
Em busca de se explicar ao indefinido
E se traduzir ao indistinto que não lembra
Que morrer também
É amar viver
Pois no final de nossa era
Amar e viver, viver e morrer
Tudo isso será também o maior dos atos
De em busca de seu próprio entrelaço
Aprender a renascer