O ADEUS JAMAIS DITO
Chamo-te aos gritos, mas não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto, mas sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste silencioso vazio.
Sei que é como um suspiro tão tímido, a vida,
E breve como o expirar da respiração sorvida.
Contudo, abre ao menos os olhos, diz que sim,
Que nem a morte te afastou de mim,
Que não és uma presença cinzelada em pedra dura
E que ainda ouves minhas palavras de ternura!
Todavia, saibas que mesmo estando vazio teu leito,
Sempre terás morada dentro do meu peito.
Continuo seguindo como alguém que chegasse,
Carregando lágrimas memoriais na sua face,
Ao derradeiro e inevitável momento da despedida,
Esperando que o reencontro dure mais do que a vida.