Sem ânimo para pensar em títulos

Quero me compreender, mas me percebo fragmentado, um ser em pedaços, no meio de um mundo sufocante, abafado, onde não sei ao certo o que desejo dizer, nem mesmo o que me agrada, e por vezes, a agrado rejeito, há dias em que anseio por companhia e me vejo só, mesmo rodeado de presenças vazias, sentindo a ausência total mesmo quando cercado, perdido no abstrato, fugindo do concreto, das nossas construções catastróficas, desejei a verdade, sem saber que sua face poderia ser tão tóxica, e agora, frente a ela, paraliso.

Viajei por cidades, encontrei pessoas, corpos sem alma, e no deserto, vi minha imagem refletida, distorcida, questionando-me, o que faço aqui nesta passagem efêmera marcada pela angústia que me devora a sangue frio, percebo que o tempo é um rio que nunca seca, minha existência, fria, depende de um calor limitado, acelero, queimando a reserva, sinto-me esgotado.

Dei voz aos meus conflitos internos, agora eles comandam, gritam, e eu, outrora destemido, agora temo a mim mesmo, meu único e verdadeiro inimigo, fujo, engulo a depressão a seco, engano-me pensando que a solidão é um reflexo do desdém dos outros, quando na verdade, é um reflexo do meu próprio ser.

Preciso de ajuda, assim como você, então por que lutamos, por que seguimos dizendo amém a um caminho que nos destrói, espero que, no futuro, veja que, além da cerveja, nada foi em vão... O que faço agora, cada vibração molda o mundo ao redor, talvez tudo não passe de uma ilusão, vivendo mais de um século nessa fantasia.

A verdade é um estado da consciência que a humanidade desconhece, sempre prestes a alcançá-la, mas o passado interfere, e tudo se perde, vivemos em tensão constante, cada um preso em sua própria dimensão, com medos guardados no coração, tão profundos que nem orações ou louvores podem alcançar.

E para não dizer que não falei das flores, quando eu partir, não as mate, pois elas não merecem nossa ingratidão.