Travessia

meu barco navega adormecido

cavalo aquático entre orlas me contém,

vou ao senhor da morte: ele me espera

abrindo os braços ao azul do Lethes.

Não sei quanto demora esse senhor sombrio

surgir na linha das infundadas águas,

sei que está lá e vejo seu aceno

num relampejar de luz que o céu corta.

E eu que sou barco e mar

coadjuvantes numa mesma rota,

lampejo-me veraz senhora,

solene me navego entre as horas.

Vilma Silva
Enviado por Vilma Silva em 21/08/2020
Reeditado em 21/08/2020
Código do texto: T7042633
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