A DANÇA
Na dança dos lunáticos, os sinos dobram pelos mortos
Os que se foram deixaram sonhos de esmeralda
Foram estrelas com mil hóstias em seus corpos
Voam longe com suas doce-cruéis palavras-aladas
Todos os mortos foram lunáticos, pois pensaram ser eternos
Ah! Na dança dos mortos, o que existe são pó e ossos
Na dança das prostitutas, seus sorrisos não são ternos
Nem são de dor. São de pernas em alvoroço. Belos poços
Na dança dos viventes, somos loucos por que maldades
E as flores de nossa boca semeiam ódios e perversões
Onde está o trauma, o remorso, a vergonha, a santidade
Somos esqueletos ocos dançando o canibalismo das sensações
Nossa casa é um hospício. Nossa mente, o caos dos espermas
Somos a antítese da lógica numa canção sem pernas