A DANÇA

Na dança dos lunáticos, os sinos dobram pelos mortos

Os que se foram deixaram sonhos de esmeralda

Foram estrelas com mil hóstias em seus corpos

Voam longe com suas doce-cruéis palavras-aladas

Todos os mortos foram lunáticos, pois pensaram ser eternos

Ah! Na dança dos mortos, o que existe são pó e ossos

Na dança das prostitutas, seus sorrisos não são ternos

Nem são de dor. São de pernas em alvoroço. Belos poços

Na dança dos viventes, somos loucos por que maldades

E as flores de nossa boca semeiam ódios e perversões

Onde está o trauma, o remorso, a vergonha, a santidade

Somos esqueletos ocos dançando o canibalismo das sensações

Nossa casa é um hospício. Nossa mente, o caos dos espermas

Somos a antítese da lógica numa canção sem pernas

Audsandro do Nascimento Oliveira
Enviado por Audsandro do Nascimento Oliveira em 14/05/2020
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