Anjo

Os passos são passos

São poucos, opacos

Como os dias.

Longos, que sejam. Acabam.

Tinha eu. Tinha ela.

Ainda tem eu, sem ela.

Era um anjo,

Voou.

Tinha ele.

Grande homem ou presidiário, seu pai dizia.

Seu sorriso estampado,

Eu ouvia calado,

Ela dizer: foi os dois

Tarde, tão tarde. De tarde

Me perturba, inquieto, o sono.

O que faço?

Um lado. Dois lados. Sem lados.

Não tem ela. Não tem nada

Tem eu, que não fiz nada

Na mente o seu sorriso

No rosto minha lágrima

Me perdoa, Anjo,

Por não ver o que sentias.

Seu sorriso lindo ofuscou. Ofuscou!

Muito mais que antes, me sinto inútil.

Os dias passam. As horas passam

O desespero ampara, minha cabeça rasga.

Arrasto deito sento, penso, mas não concluo nada.

Me perdoa, Anjo,

Por não ver o que sentias.

O Sol se pôs, melhor deitar

Relembrar, mais uma vez,

Que o humano é imperfeito,

É necessário perdoar,

E ela era um anjo

Que voou sem asas.

Josué Alves
Enviado por Josué Alves em 16/11/2019
Código do texto: T6796178
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