Diário de um Fantasma
Pois é, quem diria que nessa altura da minha existência eu viria a relatar meus pecados.
Digo existência por viver este dilema, as vezes existir não é sinal de vitalidade, até porque quem lhes escreve já não faz mais parte dessa realidade.
Meu nome não é Jonny (essa frase cabe em toda apresentação) costumava ser David Linner, mas com o tempo todos esqueceram, até eu já não faço mais essa apropriação, mas como um depressivo consciente, perder a identidade é o ultimo estágio da depravação.
Decidi relatar a minha história, agora parece fazer mais sentido.
A vivência é o que costuma trazer experiência mas o relato de um morto ninguem nunca leu, não que tenha sido escrito depois de haver morrido. Poderia eu contactar algum médium, alguns podem ter a escrita melhor do que eu, mas não vem ao caso..
a fila pelo contato é demorado, existem vários espiritos desesperados buscando falar com os vivos do outro lado. Então como tenho a eternidade livre para livrar-me do meu peso existencial.
Escreverei de próprio punho, farei dos vossos olhos meus rascunhos...