Lamento do calvário urbano

Pelos pulsos d’alma que se cravam

na sofrida e purulenta cruz de carne

lamento muitas asceses que lavram

renegado querer meu em escarne.

Da culpa milenar que ao corpo cristaliza,

em contraste com razão que morte minha catalisa.

Tão piegas busca pelo há tanto resoluto.

Ó dolente alma, que vaga à nostalgia do absoluto!

(Et ne nos indúcas in tentatiónem)

Decepai deste vivo sepulcro as mãos e pés,

pois que fazem e encaminham-se ao mal.

Bebei das chagas o sangue vindo em marés,

(Sed líbera nos a malo)

ébrios entoai-me das bocas encharcadas a canção final.

Que guiar-me-á para junto às almas rés

em vislumbrar de meus restos pregados à cruz de pau.

Vinícius Alvarenga
Enviado por Vinícius Alvarenga em 29/06/2019
Código do texto: T6684723
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