Colhe mortas as flores

Colhe mortas as flores,

Dizimadas por dores

Cujo mal o amor

Foi incapaz de curar.

O colhedor, só e triste,

Pouco a pouco resiste

À ausência de tudo

Que não fez cultivar.

Fita findas as cores,

Seiva dada em ardores

A quem a haste tolheu

Por não querer machucar.

Colhe a frio e pondera,

No cinzento jardim,

Que não vale ter luz,

Se o breu não põe fim.

E que nem dura a aurora

Ou mantêm suas cores

As mais belas flores,

Pois se sucedem assim.

Brunno Freire
Enviado por Brunno Freire em 13/05/2019
Reeditado em 14/05/2019
Código do texto: T6646048
Classificação de conteúdo: seguro