Colhe mortas as flores
Colhe mortas as flores,
Dizimadas por dores
Cujo mal o amor
Foi incapaz de curar.
O colhedor, só e triste,
Pouco a pouco resiste
À ausência de tudo
Que não fez cultivar.
Fita findas as cores,
Seiva dada em ardores
A quem a haste tolheu
Por não querer machucar.
Colhe a frio e pondera,
No cinzento jardim,
Que não vale ter luz,
Se o breu não põe fim.
E que nem dura a aurora
Ou mantêm suas cores
As mais belas flores,
Pois se sucedem assim.