CHÁ DA MEIA NOITE
Faltam dez minutos, apenas dez minutos
Mas antes que a tristeza me açoite
Olho o relógio, é quase meia noite
Meu tempo e tranquilidade são absolutos
O tempo passa, os ponteiros correm
O coração acelera, logo será dia
Tudo recomeçará, uma covardia
Meus impulsos então me socorrem
O mundo todo decerto não muda
Também não mudo, me acostumei
De manhã será mesmo como pensei
Mortes, tragédias... mamãe me acuda
Somente cinco minutos faltam agora
O que fazer para evitar a morte?
Ninguém me ajuda, cadê a sorte?
Imagino ela vindo, ela não demora
Ela vem e traz logo a injeção
Vem com outras ou vem sozinha
Eita! A morte já se avizinha
Minha doença não tem solução
Neste hospital é mesmo assim
Doente terminal tem que morrer
Ninguém ajuda, não posso recorrer
O chá da meia noite vem prá mim
Enfim chegou a minha hora
Deu meia noite, a morte me chama
Estou aqui inerte na minha cama
Vou partir logo e sem demora