EXPERIÊNCIA DE MORTE

Experiência de morte

©Thiago Wolf

Sinto como se estivesse morto.

Como se não houvesse mais nada em mim.

Apenas um vazio.

Não falo de falta sentimentos, falo do excesso deles.

Amo profundamente.

Mas por que o sentimento de carência insiste em me acompanhar?

Por que essa desconfiança?

O que está acontecendo comigo?

Tornei-me uma pessoa totalmente desprezível.

Hoje tenho medo e nojo de mim mesmo.

Medo de não suster essa pressão exercida de dentro para fora.

Onde meu coração grita e minha alma clama por mais calor humano.

Nojo por não ser a mesma pessoa de outrora.

Aquela que com um sorriso chamava atenção dela.

Aquele que fazia dos seus sonhos mais floridos e alegres.

Hoje sinto-me como uma cópia falsificada de mim mesmo.

Onde nem o simples poder de a seduzir tenho.

Sou como um brinquedo em minhas próprias mãos.

Mas não sei como brincar.

Talvez eu apenas tenha me deixado levar por pensamentos passados e historias mal resolvidas.

Tenho medo do presente.

Não confio no passado.

Tremo só de pensar no futuro.

Tudo que queria nesse exato momento era fugir daqui.

Fugir de mim mesmo.

Fugir de dentro de mim.

Ouço ao fundo sua respiração.

Ouço-a me chamar, mas sigo em direção à luz.

Solitário.

Como sou.

Sem máscaras, sem pudores e sem o medo que sentia anteriormente.

Não me chame.

Não me tire daqui.

Deixe que me acabe e assim meu fim fará o mundo feliz.

Ainda procuro coragem para enfrentar a morte,

Mas sinto que morro.

Aos poucos.

Mais devagar do que deveria.

Mais rápido do que esperava.

Sinto uma faca atravessar meu peito.

Como uma navalha cortando a carne.

Sinto o sangue escorrer de meu coração.

Talvez seja apenas esse o meu triste e melancólico adeus.