As metades e a meta
Ele é feito de todas as meias metades...
Inundadas...transbordadas...induzidas
Das loucuras e atrocidades da vida
Nascidas do silêncio mais profundo
Partidas e repartidas pelo mundo
Nas andanças, buracos e percalços
Pelos caminhos, atalhos e cansaços
Estalagens onde repousou os braços
Tentou adormecer e sufocar a raiva
Pela falta da mulher e suas ternuras
Dos seus beijos, carinhos e doçuras
Para aliviar sua alma das amarguras
Solidão dormindo em sua cama...
Ausência da amada e suas chamas
Nos lençóis de seda que inflamam
Sonhou tanto em vê-la... ao seu lado...
Que sentiu até o vazio de um mutilado
Sem o amplo completivo dos dotados
Que dá a capacidade de um ser amado
Sentiu e almejou que fosse devolvido
Esta meia metade que lhe foi subtraída...
Sabedor de que o tempo é o soberano...
Instrutor e condutor dos nossos planos
Que haverá de o ajudar nos desenganos
À reposição...à devolução...cura das feridas...
Para que o amor, a paz, encontre sua morada
No vazio do poeta a felicidade seja instalada
Metade querida que completará a sua vida.
Hildebrando Menezes