O Réquiem do Abismo - Capítulo V: A Torre das Damas

"As três damas que aqui jazem,

condenadas a sofrer em solidão,

pagam seus pecados com a eternidade,

sem jamais alcançarem a salvação.”

"A primeira dama que com ferro feriu,

condenou a si por amar demais,

em ciúmes supremo trespassou seu amor,

e perdeu-se em remorso, sem nunca ter paz."

"A maldição sagrada que tomou sua alma,

selou sua bela face em ferro-frio,

privando do mundo a nudez mascarada,

da beleza perfeita que ninguém jamais viu."

"A segunda dama que na torre viveu,

insana, teve a solidão como companhia,

encontrou em seu vôo sua morte certa,

e no bronze dos sinos sua melodia."

"O sangue fértil que banhou a terra,

trouxe vida à tristeza pura,

plantando o bronze nas flores belas,

e dando ao vento um badalo mudo."

"A terceira dama em sua plenitude,

cegou sua alma ao amar a cobiça,

consumiu a prata ao verter de seu cálice,

e conquistou a morte como recompensa."

"Agonizando só em seu leito de morte,

amaldiçoou a perfeição que a consumia,

abandonou a torre à sua própria sorte,

decorando o silêncio com sua morte-vida."

"A torre branca que enegreceu,

hoje espelha só dor em (sua) estrutura,

com suas flores de bronze; grilhões de ferro;

e salões cintilantes de prata pura."

"As três damas que aqui jazem,

condenadas a sofrer em solidão,

pagam seus pecados com a eternidade,

sem jamais alcançarem a salvação."