Elegia desesperada

Acordei e permaneci deitado, sonhando

Vi o céu, a ventania, a tempestade e as nuvenas depois desta

Entendi os olhos castanhos que Renato dizia

Entendi a dor que a saudade traz, mas dormi

Dormi e não sonhei, não sonho mais.

Negror, esqueço meus passos antes calculados

Carpe Diem, eu grito, abro os braços

Recito poemas de amor e choro com filmes bobos

Inspiro-me com os inteligentes e troco meu destino com os personagens.

A vida tornou-se uma aventura...

Amiga, minha amiga

Sinto tanta saudade dos teus braços!

Sei que vives apenas no meu peito

E na minha imaginação. Percorres livre

Teu pensamento não é meu, nem teu

O mundo lhe grita: Volte!

Mas não voltas, pois partiu

E quem sabe serás feliz.

Perdoe-me os gestos rudes

Perdoe-me se recosto minha cabeça no teu seio

Perdoe-me se lhe mordo os braços

Se lhe puxo os cabelos, se confesso as mágoas

Se lhe invado, cálido, se lhe deixo, frio

Se lhe desperto a paixão, não se apaixones

Pois nos teus braços não estarei pra sempre

E a lágrima que provoco é mais salgada

E a saudade que causo é mais dolorida

A loucura incontrolável, o esquecimento impossível.

Perdoe-me, pois amo demais.

Talvez ainda chegue aquele sol

Há tantos dias chove, que nem sei

Nem lembro do sol, do mar, das estrelas

Das poesias que lhe escrevi

Das cartas que rasguei e me arrependi

E me arrependo pelas cartas que ainda irei rasgar

Pelos amores que irei quebrar

Pelas vidas a remendar

Por tantas vezes desistir de ser feliz

Por ter sempre esperança

E sempre parecer que não me importo

Mas importa e nunca esqueço

E permaneço aquele homem seu

E de todas que me tocaram

E de todas que irão tocar

As dores que me causaram e as que irei causar

Esse amor...

Esse amor que não acaba

Nunca cessará, nem se abalará

Ai, que eu quero um seio pra chorar

Uma boca pra sorrir, uma amiga pra beijar

A coragem pra curar

Um amor pra dividir.

Quero ser feliz como as árvores na tempestade

Como as folhas sem destino, flutuando

Como o céu, belo, inevitável

Como o sol, que nunca vem...