Esquecidos Crucificados
Os velho são esquecidos iguais os objetos que já usamos,
as roupas que já abotoamos,
a comida que já botamos na mesa.
Vixe, parece lixo branco usado, descartado,
servem mais para que?
Doentes, dementes, mancos,
são tantos....
De quem são os olhos que os enxergarão?
Embaçados são seus olhares,
Descartados, procuram lugares,
feito pombos nas calçadas comendo migalhas,
sobrevoando, buscando a sorte, um dia chegará?
Lembranças das cantigas nas violas dedilhadas,
nas noites enluaradas tão lindas do sertão,
onde estão, ó Lua, os corações dos humanos,
ocos, loucos, moucos,
alucinados em luares inventados de prata falida,
nas gentes fingidas que cantaram Luar do sertão,
no meu tempo era honroso ser idoso,
hoje é defeituoso, já deveria ter morrido,
quem teria crido nessa inverdade maluca?
Os velhos, pobres velhos, jovens anciãos,
não se entreguem não,
até o último suspiro,
acredito que resisto a todo descaso
aos velhos que criaram cada um,
sua própria crucificação.