A ilha

Perdido numa ilha

Cuja areia parece o inferno

A cara me é abafada

Por um vento quente e sereno

As palmeiras valsam lentamente

E as sombras mais vívidas que o meu corpo dormente

Ah! que dor profunda

São as águas que sobem?

Ou a ilha que se afunda?

E no meio da agonia

Tomei uma decisão precipitada

Deitei a dor ao mar

E por dentro fiquei sem nada

As águas acalmam-se,

Eu mais leve que nunca

E sinto despedaçando-me

Como uma árvore de folha caduca

As palmeiras não se cansam de dançar

Enquanto que a minha sombra devorada é pelo mar

Ah! que memórias pesadas

É a ilha que se afunda?

Ou o mar que ganhou asas?

Rodeado de agonia

Precipitei-me, de novo

Deitei as memórias ao mar

Esvaziei-me que nem o bolso do povo

As águas acalmam-se

Eu quase que flutuo

Estar vazio não me incomoda

Parece que me habituo

Malditas palmeiras!

Vocês não param quietas!?

Ainda não perceberam!?

Vossas danças são obsoletas!

Mas que vos incomoda a vós?

Eu que me desencho

Para salvar esta ilha,

Esta viva maravilha!

Que para a minha vida não foi nada mais senão uma mera armadilha...

Não vêm o que me fizeram?

Entrei no delírio

Sofro um martírio

Para que vós possais continuar a dançar...

Do céu ouço vozes

Me chama Dioniso

Abandono este paraíso

Deito-me ao mar...

Christophorus Columbus
Enviado por Christophorus Columbus em 08/04/2020
Código do texto: T6910688
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.