Senhor Leão
Na relva vespertina ele me encarava ferozmente
Seus dentes desejam sentir o sabor de minha carne
Rasgar a minha pele macia e roer o que sobrar dos meus ossos
Mas antes que me coma quero que saiba
Está minha carne é tão impura e suja
O meu cheiro é poluente e intoxicante
Os meus órgãos estão estragados e podres
Estou encharcada de urina e fezes
Perambulei por tanto tempo entre a carniça e o lodo
E os meus pensamentos, são imorais e antiéticos
Sou apenas um resto que você poderia deixar pra lá
Mas o leão vem sedento e começa a me devorar
Minhas pernas, braços, quadril e pescoço
Estomago, fígado, rim, coração e costela
Era tão doloroso
Só restava agora a minha cabeça
Mas antes que comesse o meu último pedaço eu lhe disse
Meu caro Leão
Percebestes que eu menti sobre minha condição
Não há como enganar o seu paladar
Mas eu te rogo, deixa minha cabeça viva
Prometo ter bons pensamentos e dizer apenas palavras positivas
Ele me olha atentamente, balança sua cabeça afirmativamente
Virou-se de costa e partiu de estomago cheio
Eu e minha cabeça ficamos por lá sozinhas
Aguardando por um corpo gentil que me quisesse em seus ombros.