Senhor Leão

Na relva vespertina ele me encarava ferozmente

Seus dentes desejam sentir o sabor de minha carne

Rasgar a minha pele macia e roer o que sobrar dos meus ossos

Mas antes que me coma quero que saiba

Está minha carne é tão impura e suja

O meu cheiro é poluente e intoxicante

Os meus órgãos estão estragados e podres

Estou encharcada de urina e fezes

Perambulei por tanto tempo entre a carniça e o lodo

E os meus pensamentos, são imorais e antiéticos

Sou apenas um resto que você poderia deixar pra lá

Mas o leão vem sedento e começa a me devorar

Minhas pernas, braços, quadril e pescoço

Estomago, fígado, rim, coração e costela

Era tão doloroso

Só restava agora a minha cabeça

Mas antes que comesse o meu último pedaço eu lhe disse

Meu caro Leão

Percebestes que eu menti sobre minha condição

Não há como enganar o seu paladar

Mas eu te rogo, deixa minha cabeça viva

Prometo ter bons pensamentos e dizer apenas palavras positivas

Ele me olha atentamente, balança sua cabeça afirmativamente

Virou-se de costa e partiu de estomago cheio

Eu e minha cabeça ficamos por lá sozinhas

Aguardando por um corpo gentil que me quisesse em seus ombros.

Cristian Telestai
Enviado por Cristian Telestai em 01/04/2020
Reeditado em 01/04/2020
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