CARÊNCIA

Lancei-me na janela da tarde

surda como a foice

triste como açoite

O inseto do porão fantasmagórico

ironicamente

me mandou seguir em frente

Segui o conselho do bicho

e atravessei o cafezal

com o corpo cheio de mágoa

e o bolso cheio de sal

No bosque da audição

contei o segredo do nojo – de novo-

pois já vivi várias tardes

aqui e outra vez,talvez

Lancei-me na janela da tarde

mais era tarde demais

porque surda como a foice,

chegou a noite.

Ricardo Árcoli
Enviado por Ricardo Árcoli em 15/07/2019
Código do texto: T6696271
Classificação de conteúdo: seguro