CARÊNCIA
Lancei-me na janela da tarde
surda como a foice
triste como açoite
O inseto do porão fantasmagórico
ironicamente
me mandou seguir em frente
Segui o conselho do bicho
e atravessei o cafezal
com o corpo cheio de mágoa
e o bolso cheio de sal
No bosque da audição
contei o segredo do nojo – de novo-
pois já vivi várias tardes
aqui e outra vez,talvez
Lancei-me na janela da tarde
mais era tarde demais
porque surda como a foice,
chegou a noite.