AINDA QUEIMA
 

Hermético, despertei atordoado
Quando percebi um tremor nas mãos.
Senti-me infeliz ao perceber-me
Ainda pelejando com a vida.
A desgraça engarrafa reluzia pela fresta
Onde o sol desbotado tomava chegada.
Um redemoinho de desilusões me acumulava
E minha fronte acentuada parecia um balão.
O hálito azedo pairava sob o ar rarefeito.
Entre os dentes nacos de carne em putrefação
Fazia a alegria das moscas que espreitavam.
Tentei um movimento, mas o corpo não obedecia.
Vi-me deitado, rodeado por madeira.
O suor invadiu o corpo, eu estava num caixão.
O ar rarefeito dificultava a respiração.
Havia uma abertura de vidro, espiei.
Senti o caixão se movimentar e
Percebi a temperatura de 1200 ºC
Atacando minhas partículas inorgânicas,
Meu corpo quedou-se em fibromialgia
E com imenso prazer testemunhei
Todos os meus órgãos se volatilizando
E se transformando em cinzas.
Era o início de nova caminhada,
Outras dimensões no períspirito.

Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 22/06/2019
Reeditado em 22/10/2021
Código do texto: T6678978
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