T O R P O R (2)
Bicos dilacerando a carniça
Vejo claramente essa triste cena
E fico consternado, sentindo pena
Sinto uma quentura no corpo
O sol me castiga, uma injustiça
Tudo é estranho, não raciocina a mente
Eu alí em meio a muitos urubus
Vísceras espalhadas, sangue e pus
Uma nojeira que meu nariz não detecta
Só não vejo meu corpo como de gente
Busco me situar, tentar sair dali
Um torpor me invade, levanto vôo
E vejo o estrago que me dar enjôo
Aves pretas em pleno banquete
Disputa acirrada, cada uma por si